
Com a chegada do Verão algumas almas preocupam-se com algo que estivemos a alimentar todo o resto do ano: a barriga. Entre os homens havia a tradição de estarmos relativamente despreocupados com a manutenção do corpo. Era ver-nos despreocupados a beber umas cervejas na esplanada de confortável barriguinha ao sol.
Os tempos mudaram e a ditadura, verdadeiramente anorética, dos modelos chegou também aos homens. Há mesmo quem passe horas e horas fazendo o culto do corpo. Que coisa estranha essa de pedalar e correr sem sair do mesmo sitio.
Os ginásios são aqueles sítios onde, no bar não se vendem bebidas alcoólicas, e até os pregos no pão são para vegetarianos. Esta cultura ligeira e despreocupada não quer dizer que adoptemos o estilo taxista de T- shirt apertada e uma barriga que não permite visionar o cinto das calças. Nem tanto ao mar nem tanto a terra. A barriguinha bem formada é charmosa para qualquer mulher.
Será que não percebem que, em algumas culturas mais evoluídas técnica e sociologicamente, a barriguinha é mesmo um sinal de status. Para se ter uma barriguinha é preciso saber aproveitar a vida. São precisas muitas cervejas, muitos gin tónicos e vodkas para se desenvolver uma barriguinha no ponto certo. Nada a mais e nada a menos. A barriguinha dos quarenta tem que estar mesmo correcta. A barriga é sinal de conforto e de maturidade e por isso é como os charutos: é preciso ter quarenta anos para poder exibi-la.
Mas, se no entanto a sua barriguinha já não lhe permite ver os sapatos que calçou de manhã ou o obrigou a comprar um automóvel mais potente, aí recomenda-se um telefonema ao José Maria Tallon, porque nesse estado já não há ginásio que o ajude.
Victor Alves

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